Associativismo: indiferênça ou covardia?
Pela primeira vez na sua história o Atlético Clube de Vermoil marcou uma Assembleia Geral dupla: seria extraordinária eleitoral se houvesse lista(s) candidata(s) e transformava-se em ordinária se, pelo contrário, não aparecesse nenhuma lista.
Na ausência de candidaturas, AG de 23 de fevereiro serviu, então e apenas, para aprovar o Relatório de Contas e 2018 e o Plano de atividades para 2019. Em quatro meses, o clube recuperou o passivo e parte para o desafio do ano de 2019 com mais de cinco mil euros, para fazer face aos encargos assumidos.
Vermoil continua de costas voltadas para o ACV! Com a presença total do executivo da Junta de Freguesia (que se saúda), esta AG constatou a evidência do divórcio das gentes da terra com as suas forças vivas. Lamenta-se!
Durante mais de duas horas, os representantes autárquicos esforçaram-se, em comunhão com a Comissão Administrativa do Atlético, para encontrar soluções… A freguesia está na iminência de perder todas as coletividades que trabalham e se esforçam por dignificar o nome da terra por … falta de dirigentes!
O que é preciso fazer para que as pessoas se dediquem mais e valorizem o que de bom se vai fazendo? Como cativar as pessoas para o dirigismo? A falta de motivação terá a ver com o desconhecimento do trabalho que cada associação desenvolve? Que papel está reservado ao poder local, confrontado com esta recorrência?
Uma direção de uma instituição não se impõe, mas, está a ser tudo feito para sensibilizar quem pode e tem capacidade de exercer esses cargos, para o dever cívico de o fazer?
É justo sobrecarregar velhos dinossauros do dirigismo associativo com empossamentos compulsivos e sucessivos, com gestão desfazada da realidade atual? Alguém se preocupa e faz por alterar o estado e a forma destas reconduções de (fraco) poder sucessório?
Sabe-se que o município – conhecedor desta realidade – tem em curso a disponibilidade de meios técnicos de apoio às coletividades e um basto suporte financeiro. Nem assim!
Será a profissionalização um dos caminhos? A diferença nos nomes já se vai sentindo: os “clubes” vão passando a Escolas ou Academias, locais onde os pais – mediante mesalidade – deixam os seus filhos a cargo de profissionais competentes. Terão, no futuro, estes prestadores de serviços, de segunda a sexta, alguma ligação bairrista que os distinga uns dos outros?
Qual o papel do mundo empresarial contemporâneo? A administração de uma empresa “abre” um departamento lúdico para os seus empregados, avença uma equipa ambulatória ou manterá o espírito mecenático com parcerias locais?
Enfim! Muitas dúvidas e incertezas perante a evidência do status quo atual bastante sombrio.
Dúvidas não há, nem ninguém nos chateia, se – cada vez mais – nos preocuparmos, apenas, com nós próprios: os outros que resolvam!